Ejaculação Precoce: Mitos e Verdades sobre uma Condição Comum

Definição: O que é Ejaculação Precoce?

A ejaculação precoce é uma disfunção sexual masculina caracterizada pela perda de controle sobre o momento da ejaculação, que ocorre de forma muito rápida após a penetração ou outros atos sexuais – geralmente em menos de um minuto. Ela pode ser classificada em duas formas:

1. Ejaculação Precoce Primária: Quando o homem experimenta a condição desde a primeira relação sexual.

2. Ejaculação Precoce Secundária: Quando a condição surge após um período de função sexual normal.

Embora seja uma questão comum, ela causa frustração e pode impactar a autoestima e a qualidade de vida dos homens ou, até mesmo, a relação do casal. Uma grande complicação desse acontecimento, é que o homem que sofre a primeira vez tem grande receio de passar por isso novamente. A boa notícia é que, com orientação adequada, existem tratamentos que ajudam a lidar com a condição.

Causas: O Que Pode Estar Por Trás da Ejaculação Precoce?

As causas da ejaculação precoce podem ser variadas e estão associadas a fatores psicológicos, biológicos e, às vezes, até comportamentais:

· Psicológicas: Ansiedade, estresse, depressão e histórico de relações com carga emocional intensa podem influenciar a duração do ato sexual. O medo do desempenho e experiências anteriores de insatisfação também afetam o controle ejaculatório. É a principal causa, principalmente quando envolve paciente com início recente das atividades sexuais.

· Biológicas: Em alguns casos, os fatores biológicos como desequilíbrios hormonais, anormalidades na função da serotonina (neurotransmissor que influencia o controle ejaculatório) e até a hipersensibilidade peniana podem ser causas. São fatores menos comum.

· Relacionamento: Questões emocionais no relacionamento e problemas de comunicação com o(a) parceiro(a) também podem contribuir, e é comum a ejaculação precoce ser mais frequente em períodos de maior tensão na vida do casal.

Epidemiologia: Quem Atinge?

A ejaculação precoce é mais comum do que muitos imaginam. Estudos indicam que entre 20% a 30% dos homens apresentam a condição em algum momento da vida. Ela pode ocorrer em homens de todas as idades, embora seja mais frequentemente relatada em jovens que ainda estão nos primeiros anos de vida sexual ativa e em adultos a partir dos 50 anos.

Principais Mitos sobre a Ejaculação Precoce

Esse tema, naturalmente, atrai algumas crenças populares que, muitas vezes, distorcem a realidade da condição. Vamos explorar alguns dos mitos mais comuns:

"Ejaculação precoce só acontece por falta de experiência"

Esse mito é comum, mas incorreto. Embora alguns homens jovens possam experimentar ejaculação rápida no início da vida sexual, a condição pode afetar homens de qualquer idade e não está diretamente relacionada à experiência sexual.

"Todos os casos de ejaculação precoce são psicológicos"
Embora fatores psicológicos sejam importantes, a ejaculação precoce também pode ter causas biológicas e hormonais, que precisam ser avaliadas por um profissional de saúde.

"Ejaculação precoce e impotência são a mesma coisa"
Esse mito confunde as condições. A ejaculação precoce se refere à perda de controle sobre o momento da ejaculação, enquanto a impotência ou disfunção erétil é a dificuldade de manter uma ereção.

“Receitas e milagrosas”

Receitas milagrosas para tratar a ejaculação precoce costumam prometer resultados rápidos e fáceis, mas geralmente não têm base científica e podem até prejudicar a saúde. É importante lembrar que a ejaculação precoce envolve fatores emocionais e físicos, e seu tratamento eficaz geralmente exige uma abordagem séria, como terapias comportamentais, orientação profissional e, em alguns casos, medicamentos prescritos. Apostar em métodos sem comprovação pode gerar frustrações e retardar o tratamento adequado, por isso é fundamental buscar informações de fontes confiáveis e consultar profissionais de saúde qualificados.

Os famosos “encapsulados”

O uso de encapsulados vendidos como "curas rápidas" para ejaculação precoce tem gerado preocupações entre especialistas e frustrações entre os consumidores. Isso porque a maioria esmagadora não passou por nenhuma comprovação ou liberação pela ANVISA ou vigilância sanitária. Só quem sabe o que tem dentro da cápsula é aquele que criou a receita. Não se engane por propostas milagrosas!! O marketing é a base do negócio desse tipo de produto. Infelizmente, para quem comprou, so resta o boleto. Com base em depoimentos de quem testou essas cápsulas, grande parte dos usuários afirmam não notar qualquer melhora significativa no controle da ejaculação, sem contar com os efeitos colaterais relatados. Felizmente, nenhum grave comprovado.

Além disso, o uso de substâncias não regulamentadas ou com dosagens inadequadas pode agravar problemas de saúde e aumentar a ansiedade em torno da questão, fazendo com que o problema pareça ainda mais difícil de resolver. A efetividade de uma medicação leva anos para ser comprovada! Não vai ser um guru de internet que irá desvendar uma fórmula na sala de casa em algumas semanas, não é mesmo?

Verdades Consolidadas sobre a Ejaculação Precoce

· É uma condição tratável: Existem terapias eficazes, incluindo terapias comportamentais, medicamentos e psicoterapia. Em muitos casos, combinações de tratamentos oferecem bons resultados.

· Pode afetar o bem-estar emocional: Homens que vivem com a ejaculação precoce muitas vezes sentem vergonha ou frustração, o que pode impactar a autoestima e a qualidade dos relacionamentos.

· Existem abordagens que ajudam a controlar: Técnicas de respiração, exercícios específicos e o uso de preservativos podem auxiliar a aumentar o tempo de controle da ejaculação.

Dicas e Orientações Práticas para Lidar com a Ejaculação Precoce

Tratamentos Medicamentosos

Os tratamentos medicamentosos são frequentemente indicados para homens que sofrem de EP. Eles visam aumentar o controle sobre a ejaculação e melhorar a satisfação sexual. Os principais tipos de medicamentos incluem:

1. Inibidores Seletivos da Reabsorção de Serotonina (ISRS):

Medicamentos como a paroxetina e a sertralina são frequentemente utilizados para tratar a EP. Esses fármacos aumentam os níveis de serotonina no sistema nervoso central o que pode retardar a ejaculação. A prescrição deve ser feita por um médico, que avaliará a dose adequada e a duração do tratamento.

2. Anestésicos Tópicos:

Cremes ou sprays que contêm anestésicos, como a lidocaína, podem ser aplicados na glande peniana antes da relação sexual. Esses produtos ajudam a reduzir a sensibilidade e prolongar o tempo até a ejaculação. É importante seguir as orientações do fabricante e do médico para evitar efeitos colaterais.

3. Outros Medicamentos:

Alguns homens podem se beneficiar de medicamentos como os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (como o sildenafil), que, embora não sejam indicados especificamente para EP, podem ajudar na função erétil e, indiretamente, no controle da ejaculação. Das medicações relatas e avaliadas é a que menos aparenta ter efetividade, porém pode ser uma alternativa.

Tratamentos Comportamentais

Os tratamentos comportamentais focam na modificação de hábitos e técnicas que podem ajudar a aumentar o controle sobre a ejaculação. As principais abordagens incluem:

1. Técnica do "Parar e Começar":

1. Essa técnica envolve estimular o pênis até sentir que a ejaculação está próxima e, em seguida, interromper a estimulação por um curto período. Isso pode ajudar a aumentar o controle ao longo do tempo. Pode ser feito de 3 a 4 vezes antes da ejaculação. A prática regular dessa técnica pode resultar em maior controle durante as relações sexuais.

2. Técnica da "Compressão":

2. Nesta técnica, quando o homem sente que está prestes a ejacular, ele ou seu parceiro aplicam pressão na base do pênis para reduzir a excitação e evitar a ejaculação. Assim como a técnica do "parar e começar", a prática regular pode levar a melhorias.

3. Terapia Sexual:

3. Consultar um terapeuta sexual pode ser uma opção eficaz. A terapia pode ajudar a abordar questões psicológicas subjacentes, como ansiedade de desempenho ou problemas de relacionamento, que podem contribuir para a EP.

Conclusão

A ejaculação precoce é uma condição comum, mas que muitas vezes causa preocupação desnecessária. Com a orientação adequada e o apoio certo, ela pode ser gerenciada, permitindo que a vida sexual e emocional seja satisfatória. É sempre importante lembrar que, ao notar sinais persistentes de ejaculação precoce, o ideal é buscar a orientação de um profissional de saúde para um diagnóstico correto e para explorar as melhores opções de tratamento.

Fontes

1.Understanding the Pathophysiology of Premature Ejaculation: Bridging the Link Between Pharmacological and Psychological Interventions. Yusof F, Sidi H, Das S, et al. Current Drug Targets. 2018;19(8):856-864. doi:10.2174/1389450117666161215161108.

2.Premature Ejaculation: A Clinical Update. Palmer NR, Stuckey BG. The Medical Journal of Australia. 2008;188(11):662-6. doi:10.5694/j.1326-5377.2008.tb01827.x.

3.Pharmacology for the Treatment of Premature Ejaculation. Giuliano F, Clèment P. Pharmacological Reviews. 2012;64(3):621-44. doi:10.1124/pr.111.004952.

4.Premature Ejaculation: Definition and Drug Treatment.

Waldinger MD. Drugs. 2007;67(4):547-68. doi:10.2165/00003495-200767040-00005.

Dúvidas? Sugestões? Entre em contato conosco!